Pela devoção, pela homenagem poética gratuita, pela marca pessoal e até pela forma como estes poemas nasceram numerados entre Outubro de 2010 e Junho de 2013, gosto de lhe chamar, com a verdade secreta dos sonhos, nem sempre coincidente com a manifestação formal de superfície, o livro dos 35 poemas. [......]
Não creio que o universo pessoal do autor deste livro, também ele mais puro do que corrompido, mais sonhador do que pessimista, tenha muito mais a ver com o de Céline. Então por que motivo uma tão estratégica citação no início do poema décimo quinto, num livro que é afinal muito parco nelas? Por certo pelo impressionante peso que a morte nele tem, a começar pela sombra maior daquele que se suicidou em Outubro de 1968, em Belém, debaixo do rodado dum comboio e que acaba por ser, por causa daquela declaração inicial do autor, Um Livro de 35 poemas - homenagem a Cristovam Pavia, a rosa votiva, o motivo unificador de todo ele.
- António Cândido Franco, no Prefácio -