Mal Visto Mal Dito

Num espaço confinado e despovoado, percepcionamos uma figura humana cujo único móbil parece ser o vazio, olhada - dita - a partir de vários ângulos, sendo por vezes impossível perceber quem olha o quê, se as imagens chegam do interior ou do exterior e sempre ténue a linha que separa a realidade da imaginação.

"Ao estrangeiro imaginário o casebre parece desabitado. Sob constante vigilância não denuncia qualquer presença. Colado quer a uma quer a outra janela o olhar não vê senão cortinas negras. Imóvel por longo tempo contra a porta ele escuta. Nada. Bate. Ninguém. Espera toda a noite em vão pela mais ínfima claridade. Regressa por fim ao seu país e confirma, ninguém. Ela não se mostra senão aos seus. Mas ela não tem seus. Sim sim ela tem um. Que a tem a ela."

Edição Trilingue: Português/ Francês/ Inglês.